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Valência e Sevilha: a Espanha que vai além do circuito Madrid-Barcelona

  • Foto do escritor: Rick Samajauskas
    Rick Samajauskas
  • 30 de abr.
  • 6 min de leitura


Não há de se negar que a Espanha é um país culturalmente rico, repleto de de lazer, turismo e gastronomia. Tudo isso sem contar nas oportunidades de estudos e na proximidade que o espanhol tem com o português, o que contribui para que "muy pronto" qualquer um se sinta em casa. Para nós que estamos olhando daqui de fora, o mais comum é pensarmos nas duas maiores e mais importantes cidades do país: Madrid e Barcelona. Quase que automaticamente, costumamos definir já de antemão o destino onde desejamos passar nossa temporada de estudos ou de férias.


Vamos deixar essas duas cidades temporariamente de lado e conhecer outras duas que, embora um pouco menores, são igualmente interessantes e que merecem ser consideradas como o destino para sua temporada de estudos na Espanha: Valência e Sevilha.


Valencia
Museu de les Ciències Príncep Felip, Valencia

Valência

A terceira maior cidade do país está localizada na costa do Mar Mediterrâneo, a leste do país. É a cidade mais populosa da Comunidad Valenciana, com cerca de 1.000.000 de habitantes em sua região metropolitana. Curiosamente está equidistante tanto de Madrid quanto de Barcelona, num percurso de aproximadamente 350 km. Ou seja, longe o bastante para ter sua personalidade própria, mas perto o suficiente para desfrutar de um fim de semana numa dessas outras cidades mais famosas. Alicante, outro destino bem badalado na costa mediterrânea, não fica distante dali também.


A língua oficial na Comunidad Valenciana (uma comunidad autónoma seria o equivalente espanhol a um estado aqui no Brasil) é o valenciano, uma variante muito próxima do catalão. Apesar disso, o valenciano é falado mais no interior e em ambientes mais reservados, como entre família e amigos. Nas ruas, você ouvirá o castelhano normalmente. Não fosse por algumas placas de sinalização ou avisos públicos, seria perfeitamente possível passar despercebido. Por isso, não se preocupe com relação ao idioma se este for o seu receio!


A cidade tem tudo o que você possa imaginar: tem praia, tem vida noturna, tem arquitetura, tem gastronomia. O carro-chefe da culinária local é a paella valenciana, com mariscos e carnes; fora isso não se pode sair dali sem provar um fartón (uma iguaria da confeitaria valenciana) e se refrescar com uma horchata de chufa (uma bebida não alcólica a base de chufa, uma fruta/tubérculo local cujo gosto remete um pouco à soja). Para quem não fica sem um bom drink, uma pedida é a Água de Valencia, um coquetel a base de vinho (e que de água não tem nada!) 


Mas claro, é possível provar também da culinária internacional, já que a cidade abriga restaurantes das mais variadas etnias. Digamos que Valencia seria como uma versão menos “gourmetizada” de Barcelona, com lugares mais autênticos e restaurantes comandados pelos próprios familiares do dono.


A região central é lindíssima com aquele jeitão europeu que rendem caminhadas bem agradáveis e cheias de coisas para ver e vivenciar, como o Mercado Central com frutas, queijos, embutidos e frutos do mar. Além do centro, duas atrações merecem uma menção especial: o complexo da Cidade das Artes e das Ciências, desenhado e concebido pelo polêmico arquiteto Santiago Calatrava e o Jardì del Turia, um imenso jardim construído sobre um rio aterrado, cortando boa parte da cidade. 


A vida da cidade, ao contrario do que se possa imaginar, não está focada primordialmente na praia (que aliás é um pouco distante do centro), mas espalhada em vários bolsões, cada qual com seu charme e suas particularidades. Vale muito a pena vivenciar a cidade por completo, durante várias semanas e sentir, sem pressa, o ritmo de vida valenciano. E como na canção “Vaca Profana” do Caetano, pedindo uma  “horchata de chufa, s’us plau” (uma horchata de chufa, por favor – em catalão/valenciano)



horchata de chufa na Cidade das Artes e Ciências em Valência
horchata de chufa na Cidade das Artes e das Ciências, arquivo pessoal

Sevilha

Sevilla tiene uma cosa que sólo tiene Sevilla”. O primeiro verso dessa sevillana (canção típica do folclore andaluz) representa bem o que é Sevilha. Tem um quê, um algo a mais, que somente existe por lá e que é difícil expressar por meio das palavras. A quarta maior cidade da Espanha, com seus 700.000 habitantes é talvez a que melhor represente aquele imaginário que temos quando pensamos na Espanha: flamenco, siesta, touradas, ciganos (como na ópera Carmen, de Bizet, cuja trama se passa na cidade), religiosidade exacerbada e forte influência dos povos árabes.


É a capital e maior cidade da Comunidad Autónoma da Andaluzia, o “estado” mais ao sul do país, famoso pela sua cultura e por seu clima sempre quente na maior parte do ano. E um inverno super ameno, para quem não abre mão de um friozinho na medida certa para tirar do armário aquelas roupas que sempre nos deixam mais elegantes.


A parte antiga da cidade, chamada de “Casco Antiguo”, ao contrário do que se pode imaginar, é gigante. Considerado o maior “cascuo antiguo” da Espanha, nele é perfeitamente possível passar a vida inteira sem precisar sair. A distância entre os extremos nem sempre permite fazer tudo a pé, mas a cidade conta com um excelente sistema de transporte e um sistema público de bicicletas de aluguel a preços muito módicos, espalhados por toda a parte. O rio Guadalquivir corta toda essa região e, centenas de quilômetros à frente, desemboca no Oceano Atlântico. Era daí que saíam os navios rumo ao novo continente, o que tornou Sevilha um importante centro na época dos descobrimentos.



Casco Antiguo, Sevilla
Casco Antigo, Sevilha

Estar em Sevilha faz a gente entender de onde viemos e onde foram parar todas as riquezas “importadas” das Américas: castelos, palácios, igrejas e monumentos todos fazendo alusão ao ouro e madeiras trazidas daqui. As casas pintadas de branco com detalhes amarelos e as ruas de paralelepípedos nos fazem entender boa parte da arquitetura que encontramos por aqui, em cidades como Paraty e Ouro Preto, por exemplo. Por conta do forte calor no meio da tarde, as atividades do dia-a-dia dividem-se antes das 14h e após as 17h (entenderam o porquê da siesta agora?)


À noite as principais construções são iluminadas pela Prefeitura; as luzes amareladas dão um tom dourado e romântico para passeios seguros, sem pressa e sem stress. Eu arriscaria a dizer que Sevilha mescla o ar colonial de Ouro Preto com o charme de Paris, com a musicalidade árabe. Um destino perfeito para uma lua-de-mel, diga-se de passagem.


Por ser a principal cidade da Andaluzia, o acesso a outras cidades andaluzas como Cádiz, Málaga, Granada e Córdoba estão a poucas horas de distância, permitindo conhecer outros destinos igualmente interessantes e cheios de experiências. Até mesmo Gibraltar, território britânico encrustado na Andaluzia, tem acesso relativamente fácil.


Treinar seu espanhol na Andaluzia é um desafio e tanto.


O sotaque andaluz é conhecido em toda a Espanha como sendo muito rápido e difícil até mesmo para os espanhóis não-andaluzes - o que não significa que você não conseguirá falar, ouvir e entender, principalmente dentro de um ambiente acadêmico. Seria mais ou menos o mesmo que dizer que você estará dentro de um laboratório intensivo de compreensão auditiva – fato que você só perceberá quando por algum motivo estiver em Madrid e, ao ouvir alguém conversando, entenderá tudo! Parecerá música para seus ouvidos! Além do idioma, o estilo de vida andaluz é fortemente marcado pelo jeito de conduzir a vida, mesclando trabalho e lazer de uma forma invejável. A qualidade de vida na Andaluzia é realmente algo que merece ser experimentado pelo menos uma vez na vida. Sem pressa, sem stress. 


E isso não tem preço, “miarma”!  

 


Plaza de España, Sevilla
Plaza de España

E aí, está disposto a mergulhar numa experiência fora do lugar comum, em cidades que talvez nunca tenham passado pela sua cabeça? Não é o objetivo aqui desmerecer nenhuma das duas outras maiores cidades espanholas - até porque uma delas provavelmente será sua porta de entrada no país e ambas são fascinantes. Certamente em algum momento durante sua experiencia española você terá a oportunidade de conhecê-las. Mas por que não se auto-proporcionar algo diferente, fora do comum e que agregará muito à sua bagagem de vida?


E com um custo mais camarada na hora de comer, passear, comprar, se divertir. Esse é o real propósito de um projeto intercultural, que é desbravar o desconhecido e descobrir tudo aquilo que não está escrito nos guias de viagem. Conte com o Lounge para te ajudar!

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